domingo, 20 de novembro de 2011

Acrobacia aérea e os homens que fizeram grandes marcas!

História da Acrobacia




O marco inicial da acrobacia aérea foi o término da Primeira Guerra Mundial. Com o final dos combates, sobraram muitos aviões, que não tinham mais utilidade. Alguns pilotos começaram então a realizar acrobacias com os aviões, que, como não eram construídos com essa finalidade, sempre ofereceram grande risco aos pilotos. A técnica aprendida durante os combates, fez com que eles adquirissem grande habilidade.
Ao fim da primeira guerra mundial, muitos pilotos estavam desempregados, uma das primeiras idéias eram reunir um bom número de aeronaves e pilotos em fazendas ou em grandes áreas gramadas planas, cobrar entrada e proporcionar um entretenimento ao público com evoluções aéreas, o que posteriormente foram chamados de Barnstormers.

A idéia logo foi sendo difundida e jornalistas começavam a cobrir os eventos, patrocinadores foram chegando e investindo nesta nova modalidade, porém ao decorrer do tempo a filosofia começou a tender para qual maior perigo apresentasse a atuação dos pilotos, maior seria a remuneração e o status de heroísmo do mesmo.
Naquela época não havia qualquer investimento em segurança de vôo ou conscientização de risco, manobras tremendamente arriscadas eram executas muitas vezes por equipamentos sem a manutenção adequada, acarretando diversos acidentes e até mortes.
As primeiras modalidades de apresentação eram individuais, elas iniciavam com os biplanos de treinamento da primeira guerra em manobras como looping, reversões, meio oito cubanos, manobras hoje caracterizadas como básicas, mas elas naquela época eram as mais avançadas manobras de combate, onde através delas os maiores ases da aviação conquistaram suas maiores vitórias em céus inimigos.

Posteriormente houve um incremento no set de apresentações com a finalidade de atrair um número maior de público, começaram as primeiras modalidades de wingwalker, ou seja voar em um avião, só que nas asas, se segurando no trem de pouso ou pendurados nas asas.
Naquela época ainda não existiam paraquedas de segurança quando inventaram este tipo de apresentação, nem é preciso dizer que inúmeros casos de acidentes fatais foram registrados.

As apresentações eram no estilo circense, porém com um grau de insanidade imenso, muitos se penduravam nas asas sem qualquer tipo de cinto que o prendesse na aeronave, alguns passavam de um avião para outro pulando de asa em asa, tentavam passar com a aeronave em vôo atravessando um celeiro, sendo que quanto maior o perigo, maior seria a atração a ser exibida e maior público, certamente.
Contudo, houve a evolução da modalidade de evento aéreo, com uma maior conscientização para evitar o grande número de acidentes sofridos e proporcionar um entretenimento fascinante para o público.
Hoje, o risco é menor, digamos um risco calculado, já que as aeronaves são projetadas com um maior nível de conhecimento e seguindo uma série de normas que dão maior segurança e treinamento ao piloto de acrobacia aérea.
Sem contar que hoje possuímos uma infra-estrutura para o público presente, afastados do Box acrobático para as evoluções aéreas.
No Brasil, as primeiras referências de acrobacia aérea são de 1922, quando os irmãos italianos Robba, iniciaram as instruções acrobáticas na primeira escola de aviação do Campo de Marte em São Paulo, com uma aeronave Bleriot.
Logo depois dos irmãos Robba, surgiram grandes nomes que se tornaram verdadeiros mitos, entre eles os Comandantes Camargo e Pedroso, que, segundo os mais antigos, disputavam a mais bela passagem por debaixo do Viaduto do Chá, no centro de São Paulo.
Um nome que também marcou a acrobacia aérea civil brasileira foi Alberto Berteli, que começou formando acrobatas na década de 40 no Aeroclube de São Paulo e nunca mais parou. Berteli foi o responsável pelo surgimento da acrobacia esportiva na década de 70, através de seus alunos e seguidores.

ALBERTO BERTELLI
6 SETEMBRO 2011 NO COMMENT

Nascido em 3/10/1914, natural de Aluminio, S.P., filho de João Bertelli e Julieta Dezzopa Bertelli foi casado com Paschoalina Bertelli e teve 3 filhas: Wilma, Shirley e Vera. Viveu a grande parte de sua vida em Registro S.P..
Brevetou-se Piloto Comercial em 1944. Em mais de 40 anos de atividade foi mecânico, inventor, músico (tocava clarineta), escritor, instrutor de vôo em vários aeroclubes, instrutor de planadores do Clube Politécnico de Planadores, piloto de provas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, transladou aviões, piloto de táxi aéreo transportando um pouco de tudo, desde peixes no litoral até doentes para hospitais e, com destaque, piloto acrobata.
Como piloto acrobata participou de quase todas as festas aviatórias e shows aéreos de sua época superando a marca de 2.000 exibições, sofreu acidentes graves, colecionou inúmeras medalhas e troféus.
Foi Campeão Sul Americano de Acrobacia Aérea em 1947.
A convite do Ministério da Aeronáutica em 1.949 foi o único brasileiro participante da Semana da Asa a apresentar-se no Congresso Internacional de Aeronáutica Civil e na Revoada Panamericana.
Convidado especial e único brasileiro com projeção mundial a apresentar-se no Salão Aero Espacial do Brasil, realizado em São José dos Campos, S.P. no ano de 1972.
Foi considerado membro honorário da Esquadrilha da Fumaça, o 1o. piloto civil a receber esta condecoração . Pelos seus serviços à aviação foi agraciado pela Força Aérea Brasileira com o título honorífico de Brigadeiro do Ar.
Por longos anos participou de quase todas as apresentações em conjunto com a Esquadrilha da Fumaça, liderada pelo seu grande amigo Cel. Braga, a quem chamava carinhosamente chamava de “Chefe”.
“Véio” como era conhecido e gostava de ser chamado, Bertelli era uma pessoa simples, sonhadora, amiga e divertida sempre contando seu “causos” por onde passava. Com seu jeitão despojado de qualquer vaidade freqüentemente era confundido com espectadores dos shows em que iria participar (época em que ainda não usava seu macacão vôo da F.A.B.), sendo algumas vezes até solicitado “gentilmente” pela segurança a deixar a área reservada aos dirigentes e pilotos. E o interessante é que Bertelli humildemente atendia ao “convite”! Quando seu nome era anunciado e se dirigia ao Bücker… só constrangimento e desculpas por parte da segurança!
Como todo fora de série, genial e dotado de extrema sensibilidade, Bertelli era meio normal, meio louco, que tinha asas em formato de biplano e voava de cabeça para baixo.
Quem o conhecia sabia logo que estava chegando antes mesmo de pousar. Com os Bücker PP-TFM, PP-TFK ou PP-TEZ que utilizava era sempre a mesma coisa: fazia toda a aproximação, da “perna do vento” à “final” no dorso, girando para o normal somente há mínimos segundos do pouso. Essa era a sua “marca registrada ”
Bertelli voava sempre em atitude de acrobacia. Seu vôo de cruzeiro era sempre de dorso!
Depoimentos:
“Bertelli era um piloto fora de série, que todo o mundo o admirava e sempre foi considerado um dos maiores pilotos brasileiros”
Cel. Braga
“O Bertelli é sem dúvida o maior piloto do Brasil e de longe o melhor que conheço. Homem como poucos, tem dado lições inúmeras a todos os que o conheceram na aviação e fora dela.. É conhecido pelo seu espírito prático, sua personalidade simples e por isso contagiante. Descobriu sozinho, pela vida afora, a grandeza da humildade e por isso é uma figura humana de dimensões extraordinárias”
“Creio ser ele, pelo seu tipo e pelos seus atos, a última figura legendária da aviação brasileira, o último representante da aviação romântica proveniente de uma safra de homens em extinção”.
Cmte. Rolim Adolfo Amaro
“O Brasil tem um dos maiores pilotos de acrobacia aérea e não sabe”
Reportagem de capa da Revista Aerojet – 1977
Se hoje a aviação nacional encontra-se em uma posição destacada no cenário internacional e há confiabilidade na aviação comercial, na indústria aeronáutica, nos pilotos brasileiros, muito se deve à união de esforços entre militares, representado pelo ícone Cel.Braga, e civis, representado pelo mito Alberto Bertelli.
Bertelli decolou aos 66 anos para seu último e mais alto vôo em 8/12/1980.
Sérgio Penteado
Vídeo Histórico Bertelli, fonte you tube: http://www.youtube.com/watch?v=Xj86qtDDjvs
Fontes:
Família Bertelli/Pioneiros do Ar
Aeroclube de Sorocaba
Boletim Informativo Campo Fontenelle
Texto por:
Ricardo Hussne Danieli
JOSÉ ANGELO SIMIONI (1942 – 1983)
6 SETEMBRO 2011 NO COMMENT

José Ângelo Simioni é um aviador brasileiro, nasceu em Lençóis Paulista,1942.
Era apaixonado por aviação. Iniciou na terra de seu avô o seu grande sonho, a construção do aeródromo em conjunto com a prefeitura municipal de Lençóis Paulista, que realizou a terraplanagem do terreno, e ali inicia-se um dos berços da aviação acrobática e desportiva do Brasil.
Após algum tempo do aeroporto já instalado e em pleno funcionamento, o “gordo” Simioni, como era chamado pelos amigos, construiu uma das maiores oficinas de aeronaves da época, e foi revendedor da Cessna no Brasil.
Inúmeros pára-quedistas que vinham de todos os cantos do Brasil e alguns até do exterior, concentravam-se em todos os finais de semana para saltar nos Beech-bi de Simioni, no aeroporto de Lençóis Paulista. Foi nessa época que nasceu o Circo Aéreo, atual Esquadrilha Oi, iniciado em Lençóis Paulista em 1981. Simioni contava com a presença acrobática de Alberto Bertelli, o maior piloto brasileiro de acrobacias aéreas de todos os tempos, Coronel Antonio Arthur Braga, o Coronel Braga, que acumulou o maior número de horas voadas em aeronaves North American T-6 em todo o mundo, Carlos Edo, líder da Esquadrilha Oi, Fernando Almeida, entre outros.
José Ângelo Simioni arrematou da Força Aérea Brasileira, todas as peças e carcaças referentes aos aviões utilizados por ela, como o N/A T-6, Beech-bi, Douglas DC-3, Consolidated PBY-Catalina, e até de alguns caças. Simioni foi considerado o maior piloto civil, incentivador e disseminador de T-6 no Brasil.
José Ângelo Simioni faleceu no dia 9 de outubro de 1983, durante uma apresentação com seu North American T-6, PT-KSZ, o inesquecível T-6 de ronco forte, frente xadrez e fuselagem prateada, na cidade de Limeira-SP, interior de São Paulo, durante um show aéreo. Acostumado a fazer acrobacias com o T-6, infelizmente o avião entrou em um parafuso, a recuperação foi muito baixa e o avião atingiu o solo. Na aeronave estavam Simioni e Márcia Mammana, uma acrobata da época. Com certeza, essa foi uma das maiores perdas para a aviação acrobática do nosso pais.
Numa matéria do jornal “Tribuna Lençoense” de 1983 , o Coronel Braga escreveu:
“Uma perda lastimável, nosso pai, nossa mãe na aviação acrobática, no pára-quedismo, na aviação pequena em geral. Não tenho palavras para definir o estado em que nos encontramos, de choque, pela perda do amigo, devido a esse acidente que para nós foi uma surpresa, uma vez que o Simioni voava muito bem. Era um piloto nato e esse tipo de acrobacia que ele fazia com seu T-6, sinceramente, nunca me deu susto em nada. Ele voava com uma perfeição e com uma técnica incomparáveis. Simioni era um autodidata, nunca ninguém o ensinou. Ele aprendeu tudo como um perfeito acrobata e um piloto perfeito em tudo.”
Texto por:
Ricardo Hussne Danieli
Fontes: site www.aviaçãopaulista.com
Vídeo you tube Simioni: http://www.youtube.com/watch?v=EoYRxnAdlvQ&feature=rela